sexta-feira, janeiro 29, 2010

Começando pelo começo

Nos posts anteriores, contei o final dessa viagem...
Comecei pelo fim!
Agora conto como tudo começou.
Logo depois do Natal de 2009, saímos de São Paulo rumo a Bariloche.
Parece incrível, mas ainda não conhecíamos essa cidade. E eu diria que não fazia falta ao nosso currículo. Mas agora ela já consta da lista de cidades onde já pusemos nossos pezinhos.
O voo da LanChile tinha uma conexão, com mudança de aeroporto, em Buenos Aires. Assim, desembarcamos em Ezeiza, pegamos nossas malinhas e fomos para o Aeroparque Jorge Newbery.
Viajávamos com um pacote da Freeway, então esse translado foi facinho. Uma van nos levou, junto com mais quatro viajantes paulistas.
Chegamos ao Aeroparque a tempo de fazer umas fotos no final da tarde e ainda tomar um Paso de los Toros, bebida predileta da Ana, um refrigerante feito de pomelo. Bem gostoso!
Mais uma etapa de voo e desembarcamos em Bariloche perto de meia-noite - horário de lá.
Outra van nos esperava para nos levar ao Hotel Blue Tree Towers, no centro da cidade.
Quando lemos na descrição do pacote que o hotel seria esse, ficamos bem entusiasmadinhas.
Já conhecíamos o belo Blue Tree de Porto Alegre e gostamos muito!
Gente, o hotel de Bariloche não é lá essas coisas não!
Logo na entrada já nos decepcionamos.
O recepcionista ficou todo enrolado com a chegada de 6 pessoas ao mesmo tempo.
Perguntamos por internet e ele disse que não havia, exceto dois PCs ali na recepção...
Subimos ao quarto e... surpresa! Nossa janela, que dava para o lago Nahuel Huapi - descobrimos no dia seguinte - dava também para uma discoteca cujo som era insuportavelmente alto. Descemos pra reclamar e tentar mudar de quarto. O recepcionista disse que o hotel estava lotado, não havia como fazer atender nosso pedido. Além do mais, na recepção o barulho era idêntico. Na verdade, o hotel todo estava tomado pela "música"... E pra completar soubemos que todas as noites de sábado eram assim: o barulho não tinha hora para acabar.
Eram 3h da manhã quando, vencidas pelo sono e pelo cansaço, dormimos, finalmente.
No dia seguinte soubemos que às 6h ainda havia som nas caixas. Pode?
Quer um conselho? Nunca fique no Blue Tree Towers de Bariloche. Além desses contratempos, o quarto é ridiculamente pequeno. Dá uma olhada nessa foto:
Nem a porta da geladeira abre direito. Agora imaginem quantas topadas demos na cama na hora de passar por ali pra chegar a janela e ver o lago...
Dia seguinte logo cedo, Raul - o motorista da agência que nos recebeu por lá - passou pra nos pegar para o passeio incluído no pacote: subida ao Cerro Llao-Llao e outras caminhadas menores. Imaginem nossa disposição depois de um dia inteiro viajando e daquela noite mal dormida.
Fomos e gostamos! Uma infinidade de retamas - essas florezinhas simpáticas que estão aí do lado - coloriam e alegravam o caminho. Passamos por um bosque de arrayanes, vimos o fungo llao-llao que dá nome ao morro. Subimos, descemos, fotografamos. Perdemos o fôlego pelo cansaço e pela beleza da vista. No outro dia, as pernas doíam muito.
No meio da caminhada, uma parada para um lanchinho de trilha, olhando para lago Nahuel Huapi, que dois dias depois nós iríamos atravessar rumo ao Chile.
No mais, tomamos chocolate no Mamuschka, comemos massa no El Boliche de Alberto, nos deliciamos com um foundue no La Marmite, comemos um prato natureba no Sésamo, andamos pelo comércio, passamos frio, ganhamos um graninha no cassino e encontramos com meu pai, minha irmã e minha sobrinha, que vinham de El Calafate e seguiriam uma parte da viagem conosco.
29 de dezembro, deixamos Bariloche. Às 7 da manhã, um ônibus nos levou até o Puerto Pañuelo, onde começa a travessia dos lagos rumo ao Chile.
O trajeto é esse aí abaixo. Leva praticamente o dia todo e tem várias etapas, em barco e em ônibus.
O nosso dia foi assim assim:
  • Bariloche/Puerto Pañuelo. O ônibus passou cedinho no hotel pegando os viajantes. Minha família já estava a bordo.
  • Puerto Pañuelo/Puerto Blest, de barco pelo lago Nahuel Huapi. Chovia. A paisagem estava cinza. Que pena!
  • Puerto Blest/Puerto Alegre, 20 minutos de ônibus. Lá fomos nós...
  • Puerto Alegre/Puerto Frías, de barco, mais 20 minutinhos. Aqui a navegação é feita pelo Lago Frias. Lindo, mesmo com chuva.
  • Puerto Frías/Peulla, de ônibus. Nesse trecho acontece o cruzamento da fronteira Argentina/Chile. Em Peulla são feitos os trâmites de entrada e saída de um país ao outro. A coisa é bem demorada e rigorosa. Todo mundo tem que abrir as malas. Em Peulla, minha família ficou para seguir viagem no dia seguinte. Fazia parte do pacote que eles estavam seguindo. Nós, depois de almoçar no Hotel Peulla, fomos para a etapa seguinte da viagem.
  • Peulla/Petrohué, de barco, navegando pelo Lago de Todos os Santos, também chamado de Lago Esmeralda. As águas do lago são lindas, verdinhas. E pelo caminho, se as nuvens deixarem, dá pra ir vendo e fotografando o vulcão Osorno, que seria nosso companheiro pelos próximos dias.
  • Uma hora e vinte minutos depois, estávamos prontas para a última etapa do dia: Petrohué/Puerto Varas, de ônibus, passando pelas cachoeiras do rio Petrouhé. Quando paramos na entrada do parque das cachoeiras nos demos conta de um detalhe: não tínhamos pesos chilenos para comprar o ticket! Mas nosso super-guia Eduardo deu um jeitinho e entramos na faixa... E ainda na frente dos outros que estavam na fila da bilheteria. Viva o Eduardo, que nos mostrou o "jeitinho chileno"!
Valeu! As cachoeiras são um show! Até a chuva deu uma trégua nessa hora...
A empresa que faz toda a travessia é a Cruce Andino. Os barcos são razoáveis e o ônibus também. Eles cuidam de tudo, inclusive do transporte da bagagem nesse sobe-e-desce de barco e ônibus. E tem sempre um guia orientando o pessoal.
Foi assim que, ao cair da tarde, o último ônibus nos deixou no Hotel Bellavista, em Puerto Varas, de cara pro lago Llanquihue.
As fotos dessa etapa da viagem estão AQUI.
  • PS.1 - Descobrimos depois que o Blue Tree Towers de Bariloche tem wi-fi grátis, mas só no lobby. Informação errada do recepcionista da noite...
  • PS2 - Andando pela cidade, descobrimos um hotelzinho super-simpático que pretendemos conhecer numa próxima viagem a Bariloche. É o Hotel Tirol. Pequeno, aconchegante - pelo menos parece - e de cara pro lago. E com um precinho pagável, do qual já não me lembro mais.
  • PS3 - Vamos ter que refazer o cruzeiro dos lagos num dia de sol...

domingo, janeiro 24, 2010

Santiago e arredores

Quem leu os posts anteriores sabe que estivemos em Santiago nesse janeiro.
Chegamos à capital chilena no final da tarde do dia 2 de janeiro. Era sábado. No bairro de Providência, tudo estava fechado... Até os cafés! Pode?
O Hotel Providência, reservado pela Freeway, era agradável. Mas nada de tirar o fôlego, que valesse os 200 dólares diários anunciados na entrada e confirmados pelo recepcionista.
Assim, saímos em busca de outro para os dias seguintes. Acabamos optando pelo Alcalá del Río, que tinha 4 imerecidas estrelas, mas cobrava 80 dólares pelo quarto duplo, no mesmo bairro de Providência, com internet wi-fi grátis, ar condicionado, café da manhã pobrinho e recepção empoeirada.
Fazia um calor que beirava o insuportável. Mas nem por isso deixamos de ver os pontos imperdíveis da cidade.
Teve noite na Bellavista, com direito a boteco - o Galindo - com comida típica. Lanchinho no Gatsby de Providência. Happy hour no Paseo Orrego Luco, um bequinho super descolado e cheio de bares apinhados de gente.
Voltamos à Bellavista durante o dia para explorar o animado Pátio Bellavista e visitar La Chascona.
Subimos ao Cerro San Cristóbal no velho funicular de 1925. Lá no alto tomamos um mote com huesillos, bebida típica feita com calda de pêssego seco geladinha e grãos de trigo. Descemos com o mesmo funicular, já que o teleférico está parado: acabou a concessão à empresa que o administrava...
Demos um rolê até a Fundación Victor Jara, mas encontramos o local fechado naquela manhã de sábado... Pena! Só nos restou fotografar por fora.
Andamos pelo centro, vimos La Moneda, Plaza de Armas e Museu Histórico Nacional com uma bela exposição de leques.
Almoçamos no mercado, mas evitamos o Donde Augusto, que domina quase tudo por lá, e comemos no El Galeón, a conselho do guia/motorista que nos levou a Isla Negra. Boa sugestão!
O metrô foi nosso cúmplice em todas essas pequenas aventuras. E foi numa das estações subterrâneas que vimos o anúncio de uma apresentação de dança coreografada por Pina Bausch: Como el musguito en la piedra, ay sí, sí, sí... Fomos pro Teatro Municipal sem ingressos, certas de que encontraríamos forma de entrar. E conseguimos! Compramos as entradas de um brasileiro, cujos amigos tinham desistido de ir. Ele nos vendeu por menos que a metade dos 65.000 pesos que havia pago. Com 30.000 pesos por cabeça, assistimos ao espetáculo da fila D, de cara com os bailarinos. Ô sorte!
As aventuras santiaguinas foram feitas em dois turnos. Entre um e outro, fizemos um passeiozinho a Viña del Mar e Valparaíso.
Numa bela manhã, saímos de Santiago com bagagem em versão light, tomamos o metrô até a estação Pajaritos e ali pegamos um ônibus para Viña del Mar. Fácil e barato! Pouco tempo depois, descíamos no terminal rodoviário de Viña.
Eu já conhecia a cidade. Estive lá há mais de 10 anos, com amigas chilenas que me levaram de carro e me mostraram apenas o lado A da cidade. Dessa vez, caminhando da rodoviária até a praia, pudemos ver o lado B de Viña. Bem feinho!
Quando chegamos ao mundinho regido pela água azul do Pacífico, uma fada madrinha nos tocou com sua varinha e nos transformamos em princesas. Decidimos ficar aquela noite no Hotel del Mar, anexado ao famoso cassino de Viña, que domina tudo por ali. Um luxo, pela módica quantia de 245 dólares! Pouco mais que o acanhado Hotel Providência...
Instaladas, fizemos uma expedição de exploratória ao complexo aquático do hotel, no último andar, de cara com o Pacífico. Uau! Ficamos encantadas e voltamos ao comércio para comprar maiôs. Os nossos tinham ficado na bagagem expandida, em Santiago...
Foi uma festa molhada: piscina, jacuzzi, jacuzzi, piscina, piscina, jacuzzi... até a pele enrugar!
No quarto, um vinho de cortesia. Jantar no próprio hotel, admirando o pôr-do-sol e cassino para perder peso... chileno, claro!
Dormimos embaladas pelo barulho das ondas.
No dia seguinte, procuramos um tour para visitar Isla Negra, mas nos assustamos com os preços e decidimos deixar pra fazer a tal visita a partir de Santiago.
Terminou assim o nosso momento Cinderela... Voltamos ao borralho e rumamos para Valparaíso, onde tínhamos reserva no simpático Brighton B&B, com diárias a 80 dólares, pendurado no Cerro Concepción. Escolhemos o quarto "E". Quase um sótão, mas com uma vista lindíssima para a baía.
Andamos pela degradada na zona portuária da cidade. Descemos ladeiras. Subimos de ascensor. Fotografamos uma infinidade cães de rua. Tomamos drinks com vista pra baía. Curtimos o visual do alto dos cerros. Visitamos La Sebastiana. E retornamos a Santiago, conhecendo dessa vez o terminal rodoviário de Valparaíso.
Na capital, voltamos ao Hotel Alcalá del Río.
Nos dias seguintes aconteceram as duas aventuras que já foram contadas aqui: a caminhada no Parque Provincial Aconcágua e o passeio a Isla Negra.
Uma semana depois de chegar a Santiago, num oferecimento do Alcalá, conseguimos um táxi que nos levou, por apenas 10.000 pesos chilenos, ao Aeroporto Internacional Comodoro Arturo Merino Benítez, de onde voltamos a São Paulo pelas asas da Lan Chile.
As fotos dessa etapa da viagem estão aí:
Mas quem quiser vê-las em tamanho maior e com legendas pode ir direto ao álbum que está AQUI.

E não pensem que só porque eu contei o fim da viagem as histórias se acabaram. Ledo engano! Há mais e mais coisas para contar. Afinal, antes de Santiago e arredores, estivemos em Bariloche, atravessamos os Lagos Andinos e passamos o réveillon em Puerto Varas. Aguardem... ainda tem muito assunto!

domingo, janeiro 17, 2010

Visitando Pablo Neruda

Eu já conhecia Santiago, Viña del Mar e um pouquinho, muito pouco, de Valparaíso. Mas ainda não tinha ido às casas de Pablo Neruda por lá.
Antes de sair de São Paulo, uma pesquisa rápida nos deu as coordenadas para visitar as três casas. E saímos daqui decididas a ver todas.
Começamos pela mais fácil, La Chascona:
Fica em Santiago mesmo, no bairro boêmio Bellavista - a Vila Madalena deles - bem ao lado do Cerro San Cristóbal.
A entrada fica meio escondida numa ruazinha que parece sem saída. Mas logo se vê o símbolo da casa: um rosto com uma cabeleira revolta.
"La chascona" é uma palavra do vocabulário quechua que significa algo como "a despenteada". Era assim que Pablo via sua última esposa, Matilde Urrutia. Foi para ela que o poeta construiu a casa. Ali se encontravam desde antes de oficializarem a união e ali viveram até a morte dele.
Foi num dos aposentos de La Chascona que velaram o corpo de Neruda. Ele morreu poucos dias depois do golpe que levou Pinochet ao poder e seu funeral pode ser considerado como a primeira manifestação anti-ditadura, já que milhares de pessoas acompanharam seu caixão cantando o hino da Internacional Socialista.
A casa, só pode ser visitada na companhia de um guia. A entrada é feita pela loja de lembranças, onde se compra o ingresso. Depois, sobe-se ao café, de onde saem os grupos para a visita à casa propriamente dita.
Nossa visita foi agendada para mais de uma hora depois de nossa chegada. Tentamos aproveitar o tempo subindo ao Cerro San Cristóbal, mas o funicular não estava funcionando, era hora de sol quente e não quisemos subir a pé. Para o micro-ônibus e para os táxis coletivos que subiam ao cerro, havia filas imensas. Desistimos e voltamos ao café de La Chascona para esperar nossa hora.
A entrada à casa é feita por um pequeno pátio. Ali já se vê o primeiro mimo: duas janelas protegidas por grades especiais. Numa delas estão as inciais dos moradores cercadas de representações das ondas do mar e das montanhas da cordilheira. A outra, representa la chascona.
Dali vamos entrando na intimidade da casa: sala de jantar, quarto de dormir, escritório, biblioteca, bar, móveis diferentes, janelas estrategicamente colocadas para permitir os melhores ângulos de visão...
Disse a guia que ao lado da sala de jantar passava um pequeno rio, o que aumentava a sensação de estar dentro de um barco, já instalada pela aparência do aposento com seu teto abaulado.
A casa toda parece uma ode ao amor. Em cada detalhe se nota alguma intenção de agradar a mulher que vive ali com o poeta.
Para mim La Chascona é a casa mais aconchegante e romântica.
E infelizmente foi a escolhida por Pinochet e seus comparsas para o ataque a Neruda. Naquele então, a casa foi quase que totalmente destruída. Livros e mais livros foram queimados...
Fotos são proibidas no interior das casas, mas aqui se podem ver algumas fotos oficiais de La Chascona...
Nossa outra visita a Pablo e Matilde foi em Valparaíso.
Adquirido o ingresso, nossa entrada foi imediata. Ali não há que esperar a formação de um grupo guiado. A visita é dirigida por um audio-fone, o que me pareceu muito bom, já que é fácil de operar e a gente pode repetir as informações quantas vezes quiser.
La Sebastiana tem belíssimas vistas para o a baía de Valparaíso. O janelão do quarto de dormir é um escândalo. E o do escritório, com vista para a cidade e para a baía... ai, ai!
Mas de tirar o fôlego mesmo é a poltrona chamada por Pablo de "La nube", estrategicamente colocada na janela arredondada da sala de estar. Não deixem de ver, é a foto nº 3 da série de cliques oficiais de La Sebastiana.
Terminamos o ciclo nerudiano com uma visita à casa de Isla Negra.
Mais uma casa junto ao mar. Dessa vez, o mar não é uma visão ao longe, como a da baía de Valparaíso. Em Isla Negra o mar está ali, batendo suas ondas nas pedras a pouquíssimos metros das janelas de Neruda.
A casa de Isla Negra é bem grande. Há espaço para as várias coleções do poeta: de caracóis marinhos, de barcos "engarrafados", de carrancas, de garrafas, de estátuas e muitas outras mais. Um cavalo de madeira em tamanho natural reina absoluto em uma das salas. Imagens femininas enormes aparecem em cada cômodo, contemplando o Pacífico.
A sensação que se tem é a de que todas as janelas da casa dão para o mar, com destaque mais que especial para o quarto de dormir, de cuja cama, posicionada obliquamente, se pode fitar o oceano pelas duas paredes envidraçadas que formam um L transparente aberto para o infinito azul. Não fotografamos o quarto, não era permitido. Pena!
Em Isla Negra, de frente para um lindo e revolto mar azul, repousam os restos mortais de Pablo e Matilde.
Algumas imagens da casa podem ser vistas no site oficial, mas o quarto com suas enormes lentes para o azul não está lá e nem em nenhum lugar da net por onde andei procurando. Quem quiser ver com os olhos de Neruda vai ter que ir a Isla Negra.
Embora seja fácil chegar lá, parece que o povo gosta de fazer parecer difícil.
Trata-se de um pequeno balneário a uns 100 km de Santiago. E, embora tenha o nome de isla, não fica numa ilha. Pode-se ir tranquilamente de ônibus de linha, descer no pequeno povoado e caminhar uns 5 minutos até a entrada da casa.
Nós não acreditamos que isso era assim tão fácil e preferimos contratar um tour que nos cobrou caríssimo - algo como 70 dólares por pessoa - e apenas acrescentou uma passada por Pomaire, cidadezinha que além de artesanato em barro tem a tradição de servir as maiores empanadas do país.
Se estiver pensando em ir a Isla Negra, vá de ônibus. É bom e barato.
Veja a "receitinha" dada pelo UOL Viagens: pegue um ônibus interurbano Santiago-Algarrobo e peça ao motorista para saltar em isla Negra. Os ônibus saem do Terminal Alameda, em Santiago, com frequência de 20 minutos, a partir das 7h. Paga-se algo como 7 dólares. Fácil, né?
As visitas são guiadas e começam nesse ponto:
Neruda amava o mar e tudo o que se relaciona com ele. Todas as suas casas têm as formas de um barco, com tetos arredondados, portas pequenas. E a decoração inclui móveis comprados de embarcações, objetos oriundos de demolições e até um barco na parte externa de Isla Negra. Dizem que esse barco nunca ia ao mar, Neruda se contentava em entrar nele e contemplar a bela praia de Isla Negra.
Um dos guias nos disse que Neruda foi um coisista, isto é um aficcionado por coisas, coisas, coisas... Pois, andando por suas casas se tem mesmo essa impressão tal é o número de detalhes e coisinhas que há em cada canto: quadros, estátuas, pias, cavalos, garrafas, conchas, fotografias, carrancas, moais...
Em todas as casas há também um bar. Com balcão, copos coloridos, garrafas e muitos apetrechos. Dizem que ele gostava bastante de receber os amigos nesses bares, onde só ele podia ficar detrás do balcão. Nessas ocasiões, geralmente se fantasiava e parece que a farra ia longe.
Neruda sabia viver: amores, mar, amigos, muita alegria...
Precisa mais?

Na rota de Pablo Neruda
Aí estão fotos que registram o que pudemos captar de tudo isso.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Pra ver o Aconcágua

Ana encontrou um folder da agência Andes Wind na recepção do hotel. Ficamos interessadas. Ligamos pra lá e marcamos o passeio para penúltimo dia livre de nossa estadia no Chile. O tour só sai com um mínimo de 5 pessoas. Tivemos que mudar de dia. Fomos na sexta-feira, 8 de janeiro.Começo os relatos da última viagem de 2009 e primeira de 2010, contando do passeio ao Parque Provincial Aconcágua, em Mendoza/Argentina.
Saímos cedo. 8 da manhã, Cristian, o simpático guia/motorista, que parece ser também o dono da agência, nos pegou no hotel. A van foi lotada. Éramos 11 passageiros.
O caminho é longo, 170 km, cheio de curvas e havia muitas obras na estrada, o que nos obrigou a parar várias vezes para esperar a nossa vez de passar. Fazia calor e íamos no banco da frente. Imaginem, duas gordinhas, apertadas entre a porta e a alavanca do câmbio...
Pela estrada, as montanhas da cordilheira, um rio proveniente do degelo dos picos, uma estrada de ferro desativada e, próximo à fronteira, muitas curvas, mas muitas mesmo!

No alto, o Túnel Cristo Redentor faz a passagem entre os dois países.
Quatro horas depois, sem nenhuma paradinha pra fazer xixi, chegamos à aduana argentina.
Por causa de uma greve dos funcionários da aduana, o caos estava instalado ali. Caminhões, ônibus, carros, gente... todos esperando a sua vez de conseguir o carimbo de entrada à Argentina. Ficamos uma hora por ali, enquanto nosso guia tentava agilizar os trâmites. Nada feito!
Para não gastar mais tempo por ali, o guia sugeriu uma "gambiarra": poderíamos voltar sem os carimbos de entrada no país, visitar o Parque Provincial Aconcágua, que fica entre o túnel e a aduana, e levar apenas uma espécie de justificativa para reingressar no Chile ao final do passeio. Com isso, perderíamos a visita a Puente del Inca, já mais adentrada no território argentino.
Relutamos, mas acabamos concordando. Assim, "ilegais", voltamos alguns quilômetros até a entrada do parque.
Antes de começar a caminhada, o guia distribuiu os lanches, que comemos ali mesmo, sob o sol, ao lado do estacionamento...

Em seguida, começamos a caminhada. Primeiro destino, Lago Horcones. Uns 20 minutos com algumas subidas, num caminho rodeado de montanhas e flores. O lago refletia o Aconcágua como um espelho... nos intervalos entre as rajadas de vento. E ventava muito!
O circuito proposto pelas placas terminava ali. Mas nossa caminhada seguiu, por veredas menos ortodoxas, até uma ponte que estava a uns 40 minutos dali.

Foi o ponto mais próximo do Aconcágua a que chegamos.
Entre ida e volta, nos informou o guia, andamos cerca de 5 km.
Pouco, mas cansativo para pessoas pouco preparadas como eu. Além disso, havia que enfrentar, sol, vento forte, muito pó, caminhos pedregosos, subidas e a altitude de quase 3000m . Mas valeu cada pedra chutada, cada tropeção, cada parada para respirar e cada clic da câmera... 
Conto os percalços para que os leitores que se interessarem pelo passeio não pensem que é só alegria. Há dificuldades, mas elas também fazem parte da aventura, acreditem.
De volta à van, começamos o caminho de volta. Primeiro a aduana chilena. Aí foram necessários os préstimos do guia para justificar nossa situação "ilegal" em território argentino. Munido de nossos passaportes, alguns papéis misteriosos, conhecimento e paciência, em pouco tempo tudo se resolveu e fomos readmitidos ao território chileno sem que nunca houvéssemos saído legalmente dele...
De novo as curvas na estrada e paramos em Portillo, no hotel com o mesmo nome, para dar uma olhada no Lago del Inca.

Na volta tivemos mais sorte com as filas nos consertos da estrada e chegamos a Santiago na hora do pôr-do-sol, que lá acontecia por volta de 21h30.
Foi um dia cansativo, é verdade, mas gostamos muito da experiência e recomendamos a Andes Wind a quem se interessa por esse tipo de aventura.
Aos que se dispuserem a ir, desejamos mais sorte na estrada e na aduana argentina .
E não deixem de contar como foi a empreitada!
De nossa parte, fica decidido que teremos que voltar à região para ver Puente del Inca.