sexta-feira, março 14, 2008

Rumo Sul - Enfim, o fim do fim do mundo

Chego por fim às grandes aventuras do fim do mundo.
Navegando pelo Canal de Beagle, a bordo do Yate Che, visitamos as ilhas dos Pássaros e dos Lobos, onde convivem pacificamente leões marinhos e cormoranes reales.
Pelo caminho, encontramos cauquenes (gansos magalhânicos); carancas - uma outra espécie de gansos; gaviotins sudamericanos, que aqui no Brasil recebem o simpático nome de Trinta-réis de bico vermelho; um petrel gigante del sur, ave predadora dos cormorões, e até um golfinho, conhecido como marsopa espinosa, que na verdade é um boto de água salgada e tem o dorso espinhoso.
O passeio chegava até a ilha onde está o Farol Les Eclaireurs e incluía ainda uma pequena caminhada pela Ilha Bridges, onde pudemos conhecer a yareta, vegetação típica parecida com uma pedra coberta de musgo. A yareta, no entanto, é puramente vegetal... fofinha ao toque. Charlotte experimentou subir em uma delas.
Voltamos à terra firme tomando uma cerveja Beagle, de produção local, oferta da tripulação do Che.
Mais tarde, a caminho da Estância Harberton, fomos apresentadas a mais uma espécie vegetal do fim do mundo: a lenga, árvore mais comum da região. Castigadas pelos ventos, algumas lengas que se retorcem e tomam formas interessantes. Uma delas se tornou famosa e virou cartão postal.
Nossa ida à Estância Harberton, a 85 km de distância do centro de Ushuaia, tinha um propósito: fazer uma excursão à Ilha Martillo, onde os pingüins vivem e fazem seus ninhos no verão. Passeio especial... e caro, já que era o único que tinha permissão para levar seus participantes a caminhar pela ilha. Fomos. E valeu a pena!
Sentadas na praia ou caminhando lenta e silenciosamente - recomendações da guia para não assustar os animaizinhos - estivemos quase uma hora entre pingüins magalhânicos e pingüins papua. Fotografamos, visitamos seus ninhos, ouvimos seus ruídos.
Ana fez algumas tentativas de filmar os movimentos e sons dos nossos novos amiguinhos. Como ventava bastante, o som que mais se ouve é o do vento, mas mesmo assim fica aí um pequeno clipe para que todos possam ver um pouquinho do que vivemos na Ilha Martillo:



Da Ilha Martillo, trouxemos a emoção de ter vivido alguns minutos entre os pingüins e um punhado de penas que encontramos entre as pedrinhas da praia. Psiu! Era proibido trazer qualquer lembrança da ilha.
No caminho de volta à cidade, passamos por uma castoreira.
Os castores foram levados para a região com o propósito de exploração de sua pele na confecção de vestimentas quentes. O plano inicial não teve êxito e os animais se converteram em uma praga na região. Há um sem número de castores vivendo ali. Sua caça é incentivada: o Governo da Província de Tierra del Fuego, Antártida e Islas del Atlántico Sur paga uma pequena quantia a quem lhe apresentar a cauda ou o couro de um castor morto.
Os castores iniciam a construção de suas moradias represando cuidadosamente parte de algum curso d'água. Em seguida constroem a madrigueira - a casa propriamente dita - com dois "andares": um subaquático, que usam para ter acesso à represa, e outro seco, onde guardam sua comida. A interferência dos castores no meio ambiente provoca uma grande devastação. Eis o motivo da caça aos bichinhos.
Por medo dos caçadores ou por qualquer outro motivo, os castores só circulam à noite. Assim, não vimos nenhunzinho...
Passeio chegando ao fim!
Na véspera da partida, lá fomos nós para o Parque Nacional Terra do Fogo. O dia começou confuso: a van da Agência Km 3200 não passou para nos pegar no hotel. Esqueceram de nós!!! Tomamos um taxi até a Estação do Fim do Mundo, a 8 km da cidade, onde começava a aventura e ali localizamos nosso grupo.
Embarcadas no trem do fim do mundo, lá fomos nós para uma viagem de quase uma hora até o parque, por entre rios e montanhas. No meio do caminho, uma parada na Estação Macarena.
O trem, hoje de uso exclusivamente turístico, foi antes o trem dos presos. Servia para o transporte de presos e lenha. A ferrovia começou a ser construída 1909 e funcionou até 1952.
Na primeira parte de nossa viagem, a composição foi puxada pela locomotiva Engenheiro Porta. Depois da parada na Estação Macarena, uma locomotiva mais moderna continuou o trajeto.
Meu amigo Coaraci, louco por trens, diz que essa locomotiva antiga "é uma modelo Garratt, muito rara. No Brasil só existe uma deste modelo no museu de Recife. O Eng. Porta, que empresta o nome à locomotiva, é o maior especialista em locomotivas a vapor nas américas, quiçá no mundo."
Quer saber mais sobre o trem do fim do mundo? Acesse o site: Trem do fim do mundo
A parada final do trem é dentro do Parque Nacional Terra do Fogo. Ali visitamos o Lago Roca - metade argentino e metade chileno - e a Baía Lapataia, onde termina a Ruta Nacional nº 3, que percorre 3063 desde seu início, em Buenos Aires.
Para nós, a Baía Lapataia foi o fim do fim do mundo, mesmo!
Mais fotos:

2 comentários:

  1. Como assim, acabou???
    E a próxima viagem? Já tô esperando!
    beijos estalados.

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  2. Divertido, muito divertido, melhor que isso só na real!! umbejãodojão

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