terça-feira, outubro 31, 2006

Balada Literária

Domingo, 22 de outubro.
Livraria da Vila.
Balada Literária.

Idealizador, Marcelino Freire
Mesa com José Miguel Wisnik e Chico César.
Mediador, Claudiney Ferreira.
Homenageado, Glauco Mattoso.
A primeira palavra foi dada a Chico César. E ele anunciou que ia "declamar" o poema Altazor, do poeta chileno Vicente Huidobro. Disse que tinha em mãos a versão original, em espanhol, mas que faria uma tradução simultânea.

"Ensaiou" com o público um refrão cheio de ais e uis:
  • Ai, aia, aia, ia, ia, aia, ui.
E, enquanto nós rezávamos esse mantra, ele fazia outros sons, desconexos.
Fiquei curiosa e procurei Altazor na net. É um longo poema...
E qual não foi a minha surpresa ao ver que lá pelo Canto IV e VII, há realmente algo parecido com o refrão que repetimos indefinidamente enquanto Chico fazia sua performance.
A escolha do poema foi uma homenagem a Maria Alzira Brum, antiga colega de trabalho dos tempos da Editora Abril, hoje amiga e editora, que estudou o Altazor em um trabalho acadêmico.
Alzira é também cúmplice de Marcelino Freire na realização da Balada Literária.
Wisnik falou sobre palíndromos - palavras, frases ou números que têm o mesmo sentido se lidas da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda.
Ele nos contou que sua filha, Mariana, e alguns colegas de escola se dedicam a escrevê-los e os trocam entre si.
Alguns palíndromos citados por Wisnik:
  • Lá vou eu em meu eu oval
  • Ô mãe, tu era réu, te amo
  • Ô padre, meu, que merda, pô
  • É de fato xoxota fede
Ao se referir a um palíndromo feito por Chico Buarque, Wisnik confundiu-se. Ana foi em seu socorro com o tal palíndromo na ponta da língua: até reagan sibarita tira bisnaga ereta.
E a manhã foi rolando, cheia de surpresas. Chico confessou que já quis fugir com uma mulher do circo, contou as circunstâncias de sua chegada a São Paulo e de seus primeiros tempos na paulicéia desvairada e até cantarolou uma parceria entre ele e Glauco:
Soneto Panorâmico
Meu quadro de São Paulo é o duma ilha
que quanto mais se atulha mais brilha.
q
É vasta e de longe se avista,
mas de perto tem a face
dupla, múltipla, mista.
q
Quem topa suar
tem campo à pampa,
pois Sampa trampa
do sol ao luar.
q
Na avenida Paulista
trombadinha quando nasce
contrasta com torres, contrista.
q
No centrão a janela faz pilha,
muralha ante a gentalha maltrapilha.
uuu
Fernanda, Ana e eu registramos os momentos em que Glauco Mattoso dizia dois de seus poemas. Está tudo no Youtube:
Registrei também a resposta de Chico a uma das perguntas feitas pelo público. A questão era: como viam a exposição decorrente do trabalho artístico.
Enquanto ele falava, passei a câmera por todo o público. Achei que ficou interessante.

Pra saber mais sobre a Balada Literária, clique aqui.

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Atualizado em 02/12/2013

segunda-feira, outubro 23, 2006

Na Fnac Pinheiros - mais registros

No telão Chico cantava Outono aqui, versão brasileira feita por ele para a música Autumn leaves - les feuilles mortes, de Joseph Kosma, Jacques Prevert e Johnny Mercer:
Caiu a flor
As folhas caem
Tem outra cor
Triste demais

Eu caio em mim
Sinto que assim
Começa o fim
Do amor que vai

Outrora o céu sorriu
Com o sol que em nós se abriu
Fosse setembro, abril
Era feliz

Hoje o outono mora aqui
Será que há de passar?
Quem me diz?

Como surgiu a idéia de fazer essa versão e gravá-la nesse momento?
Chico explica: tudo começou quando ele ganhou uma bolsa de estudos para o CLAM - Centro Livre de Aprendizagem Musical - escola de música dirigida pelo Zimbo Trio.

Cálice, de Gilberto Gil e Chico Buarque, também foi uma das músicas selecionadas pelo mediador para nos mostrar. A interpretação que Chico dá a essa música está bem distante daquela que ouvimos nos anos 70. A música começa com um clima religioso, passa pelo rap e recebe até uma inserção sonora do disco Araçá azul, de Caetano Veloso.

E Chico nos conta como encara a responsabilidade de interpretar músicas alheias:

"Quando você é autor, quando você é compositor, dificilmente você pega uma música de outra pessoa e faz um quase-cover. (...) Nasce um pouco um sentimento como se fosse uma inveja positiva: Puxa, eu queria ter feito essa música! (...) Mas se eu tivesse feito essa música, eu faria diferente. (...) Isso é sempre presente na releitura que eu faço. A minha versão de Paraíba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, passa por aí. A minha versão de Alma não tem cor, do André Abujamra passa por aí também."

Mais adiante, respondendo a uma pergunta do público, Chico voltou ao assunto:

E por aí foi o rumo desse agradável encontro de 17 de outubro de 2006, na Fnac Pinheiros.

Ouça e veja o DVD todo, atenta e calmamente. Ele é lindo!

Uma dica: quando vir a parte do concerto, fique atento, depois dos créditos ainda há cenas interessantes. Não vá desligando rapidinho!

quinta-feira, outubro 19, 2006

Aí está a semente!

O espaço de eventos da Fnac Pinheiros não é muito grande. A casa anuncia que comporta 150 pessoas. Será?
A verdade é que, naquela fria terça-feira de outono, esse espaço não atingiu sua capacidade máxima. Mas os que se aventuram a chegar lá e esperar pacientemente o momento do início do evento foram muito bem recompensados.
Lázaro de Oliveira - convidado pela Biscoito Fino para mediar o encontro - após confessar que Chico César cada vez o impressiona mais, iniciou a conversa perguntando como nasceu a idéia desse DVD.
Esse foi o mote para que Chico nos contasse que esse era seu primeiro DVD porque sempre foi resistente a esse tipo de registro. Em tentativas passadas, não ficou satisfeito com o que havia sido gravado e acabou desistindo do projeto.
O lançamento do Cd De uns tempos pra cá e os shows que o acompanharam, trouxeram a idéia novamente à baila. Algumas imagens dessas apresentações foram gravadas e Chico percebeu que cenário, figurino, música formavam um conjunto harmônico:
"Era o DVD que eu gostaria de fazer. Aí está a semente."
Num país como o nosso, onde a música está mais ligada a festa, batucada, Chico tinha nas mãos um CD intimista, sofisticado e ao mesmo tempo simples, juntando a música popular de origem nordestina, paraibana, à música instrumental erudita moderna, com pitadas de Villa Lobos, Nepomuceno, Marlos Nobre, Zé Siqueira, esse também paraibano.
Era a “celebração do regional, mas com uma força , uma capacidade de falar ao universal.”
O jovem Douglas Kuruhma, foi convidado para dirigir o projeto. A Biscoito Fino, incentivada por Joana Hime, aceitou a empreitada. A tudo isso, somou-se o oportuno convite de Pena Schmidt para o Auditório Ibirapuera. Pronto!
Projetado por Oscar Oscar Niemeyer em 1950 e só erguido em 2004, o Auditório Ibirapuera integra espaço interno e externo através de uma porta retrátil no fundo do palco, que se abre para o Parque Ibirapuera.
Não poderia haver melhor cenário. Desejo e necessidade, a primeira música do DVD e também a primeira que nós, participantes do bate-papo na Fnac, vimos no telão, começa com imagens inesquecíveis de Chico no fundo do palco, tendo às suas costas o belo Parque Ibirapuera.
Para mim, a genialidade se fez presente quando, em contraste com aquela tranqüilidade do parque, a câmera vai buscar o burburinho da avenida Pedro Álvares Cabral, no exato momento em que Chico canta:
ai estou nas malhas de estranha cidade
mas uma parte de mim eu diria que a metade
ficou lá aonde saí, ou seja eu me reparti
desejo e necessidade

quarta-feira, outubro 18, 2006

Cantos e encontros de uns tempos pra cá


Aí está o 1° DVD de Chico César, lançado ontem num pequeno evento na Fnac Pinheiros: um bate-papo mediado por Lázaro de Oliveira - do Metrópolis/TV Cultura - com direito a trechos do DVD, vinho, fotos e autógrafos.


O DVD ficou um luxo!
Está dividido em quatro partes:
  • concerto

Show gravado no Auditório Ibirapuera, em abril de 2006. Incluindo a abertura lindíssima e o final descontraído com o passeio de Chico pelo parque, além da participação do Quinteto da Paraíba, Simone Soul, Simone Julian e Elba Ramalho.

Sobre esse concerto, escrevi longamente na época da gravação. (clique se quiser rever)

  • com pacto

Participações de Vange Milliet, Ana Carolina, Chico Pinheiro e Maria Bethânia.

Precisa mais?

  • com claquete

Clipe da música De uns tempos pra cá. Imperdível!

  • conversa

Um documentário com imagens dos shows, comentários de Chico e depoimentos dos amigos.

Agora conto: nessa parte, tenho um segundo de participação. É só um segundo, mesmo... Mas o que importa é que estou lá!

Aos poucos vou organizar os registros que fiz do encontro de ontem à noite e postar aqui.

Por hoje, vou deixando dois registros:

  • do autógrafo

  • do abraço

quarta-feira, outubro 11, 2006

Água e areia - Parte final

O barco que leva passageiros de Caburé a Barreirinhas inicia seu percurso em Ponta do Brasília, um povoado que fica na barra do Rio Preguiças, no encontro da água doce com a água do mar. Horário? Não há, depende da maré...
E foi assim que naquela noite de 7 de fevereiro quatro turistas montaram guarda na beira do Rio Preguiças, na altura de Caburé, esperando o tal barco.
Era noite de lua cheia! Ainda bem, pois ali a luz elétrica é desligada às 22 h.
O barco chegou no meio da madrugada.
A subida ao barco era feita por uma estreita escada. Ao terminar a escalada, Vanessa pisou em "algo" que não viu... E a coisa berrou. Era uma porca! Boa recepção para as quatro malucas...
Os passageiros embarcados antes de nós dormiam a sono solto estirados nos poucos bancos que havia ali. Foi preciso empurrar alguns para conseguir um lugarzinho para nos sentarmos. Conseguimos, uma em cada canto do barco. E fomos subindo o Rio Preguiças. Havia pontos em que entrávamos por estreitos igarapés onde mal cabia o barco. E a lua brilhando no céu!
Antes das 6 da manhã, lá estávamos nós sentadas na praça principal de Barreirinhas. Além de nós, só as pessoas que vinham de longe para fazer fila em frente à agência do Banco do Brasil. Era dia de pagamento!
Quando a cidade acordou, saímos em busca de um transporte para visitar, finalmente, os Lençóis Maranhenses. Fomos de Toyota/jardineira. O roteiro depende... das chuvas. Naquela época, a Lagoa Azul era a que estava mais cheia de água. Fomos para lá! Mais um passeio por entre pequenos povoados e estradas de areia.

Chegando ao local, ainda havia que subir uma enoooorme duna. Por sorte havia uma corda estirada na subida para ajudar os menos experientes como nós.
Lá no alto nos sentimos em outro mundo: um mundo intocado, só de água e areia...
São dunas e mais dunas, com água entre elas, formando lindas lagoas. Era subir, descer e mergulhar nas águas mornas das lagoas. Um paraíso!
O passeio durou a manhã toda. Cansadas, voltamos a Barreirinhas para um almoço tardio num restaurante à beira-rio.
Vanessa e Rita decidiram ir para São Luís naquele mesmo dia. Ana e eu ficaríamos até o dia seguinte.
Depois que as meninas partiram, fomos em busca da melhor pousada de Barreirinhas que nossos bolsos pudessem pagar. Afinal, nós merecíamos! Desde Sete Cidades, no Piauí, não tínhamos um lugar decente pra dormir...
Optamos pela Pousada do Buriti. Chalés com sala, sofá, TV, ar condicionado, frigobar, telefone, chuveiro elétrico e um terraço privativo. Era o mínimo que podíamos querer naquela altura.
À noite ainda encontramos fôlego para uma voltinha pela cidade. E no dia seguinte partimos, de ônibus, para nosso último destino naquelas férias: São Luís.
A viagem até a capital foi tranqüila e confortável. Chegamos na Rodoviária de São Luis e procuramos saber como chegar à Pousada Colonial, que já havíamos reservado antes por indicação de meu pai que havia feito trajeto semelhante uns meses antes. Nos indicaram um ônibus urbano. E lá fomos nós, mochila nas costas e mapa nas mãos. Era sábado de carnaval.
Por algum motivo inexplicável, descemos do tal ônibus muito antes do ponto correto e tivemos que cruzar parte da cidade para chegar ao destino. No caminho, cruzamos com alguns blocos carnavalescos e já fomos tendo idéia do que nos esperava naqueles próximos dias.
Já no dia seguinte fomos visitar Alcântara, a antiga capital. A travessia é feita de barco. A viagem dura mais um menos uma hora, mas tudo depende... da maré! Já estávamos prevenidas: o barco "joga" muuuuuito! Tomamos um comprimido de Dramin e fomos à luta. Na ida chegamos a acreditar que era tudo invenção do povo. Mas na volta tivemos a certeza que que o povo não mente... Chacoalhamos pra valer. Mas o Dramin é mesmo muito eficiente!
Alcântara é linda e vale todo e qualquer sacrifício que se faça para chegar lá. Caminhamos por todo o sítio histórico da cidade e enlouquecemos tirando fotos e mais fotos, numa época em que cada clique custava algum dinheiro... Ainda estávamos no tempo das fotos de papel.
Os próximos dias passamos em São Luís. Como era carnaval, muita coisa estava fechada. Mas circulamos muito por lá: casario antigo, comércio, lagoa, praia.
Numa visita ao Mercado, tivemos a sorte de encontrar um autêntico grupo de Tambor de Crioula mostrando sua arte para quem por ali passava.
Elegemos o bar Antigamente, na Rua da Estrela, como nosso ponto de observação. Dali víamos todo o movimento da cidade. Blocos carnavalescos, nativos, turistas. Foi aí que reencontramos as três paulistas perdidas em Caburé. Dali tudo se via, até o folião cansado no fim da noite...


Atualizando, em 12/01/2013: As fotos de Alcântara, que estavam num álbum da slide.com, sumiram. O site foi fechado em março de 2012. Pode? Mas há fotos da viagem toda, incluindo Alcântara, nesse álbum aqui, até que o Facebook permita...
Havia também um link para um site com mais informações sobre os Lençóís... Sumiu! Subtituo por outro, bem mais atualizado, da minha amiga Silvia Oliveira. Tá aqui!
A Silvia também dá dicas do que fazer nos Lençóis Maranhenses em 3, 5 ou 7 dias

terça-feira, outubro 10, 2006

Água e areia - Parte III

Para viajar no Barco Cidade de Tutóia era necessário tirar passagem antecipada.
No dia em que fomos comprar os nossos bilhetes, o vendedor nos disse que outras duas moças, loucas como nós, também viajariam no barco.
Conhecemos nossas companheiras na manhã do dia 5, enquanto esperávamos a saída do barco: Rita e Vanessa, duas brasilienses em férias.
O barco partiu depois do meio-dia. Culpa da maré... E lá fomos nós pelo Rio Parnaíba afora.
Paramos em várias cidadezinhas beira-rio. Entrava gente, saía gente. Famílias, comerciantes, galinhas... Alguns barcos menores se aproximavam trazendo mercadorias para despachar ou gente para viajar.
Hora de almoçar. A tripulação avisou que havia comida para quem quisesse. Fomos conferir. Arroz, feijão e carne ensopada. Pra beber, água na garrafa de Coca-cola. O preço? Baratinho, algo como 3 ou 4 reais. Comemos, claro!
Para maior conforto durante a viagem, alugamos redes. Tivemos sorte, as nossas eram novinhas...
No final da tarde chegamos a Tutóia. Estávamos no Maranhão!
Alguém havia dito a Rita e Vanessa que o capitão do barco poderia autorizar passageiros a dormir no barco. Gostamos da idéia. Elas se encarregaram de pedir a autorização. Conseguiram. E assim economizamos uma noite de hotel.
Saímos para dar uma volta pela cidade. Jantamos num restaurante na praia e voltamos para nosso barco-hotel.
Na manhã seguinte, montamos uma mesa de café da manhã no "convés", com todos os restos de bolachas que tínhamos e café fresquinho oferecido por um dos marinheiros.
Ainda contemplávamos a paisagem ao sabor de café e bolachas quando eles chegaram. Eram muitos toyoteiros querendo negociar conosco o transporte até Caburé, nosso próximo destino.
Acabamos fechando negócio com o Sr. Colozinho.
A partida, claro, não seria para aquele momento. Havia a questão da maré... E Colozinho também precisava reunir mais passageiros para a viagem.
Ficamos turisteando pela zona central de Tutóia. Era segunda-feira. Havia feira na rua. Fila no Banco. E a Funerária Santa Izabel - aberta 24 horas - esperava clientes a caminho do céu.
Quando Seu Colozinho deu o toque de partida, chovia. E a Toyota não tinha capota...
Com as mochilas protegidas por sacos pláticos e as costas cobertas com toalhas, partimos.
Primeira escala, Rio Novo - também conhecida por seu nome anterior: Paulino Neves. O ponto de apoio foi, nada mais nada menos que o armazém do próprio Seu Coló.
Partimos em seguida para o destino final daquele dia: Caburé. Esse trecho foi feito pela praia, enfrentando vento e chuva, em cima da caminhonete sem cobertura. Chegamos direto na Pousada do Paulo. Alí, como já narrei num post de dezembro de 2005, ocorreu um fato interessante: havia três paulistas aflitas em busca de transporte para Tutóia. Nossa chegada foi providencial, seu Colozinho as levou de volta...
Caburé é um pequeno povoado às margens do rio Preguiças, situado num braço de terra entre o rio e o mar. Dizem que a distância entre um e outro - de mais ou menos 300 m - está diminuindo dia a dia e que logo Caburé vai sumir do mapa. Pena!
Em frente a Caburé, na outra margem do rio Preguiças, está Mandacaru, com seu alto farol.
Depois de Mandacaru e de uma longa caminhada pela praia e pelas dunas, chega-se a Atins, que está localizada em uma das extremidades do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
Nem é necessário dizer que nós quatro - turistas incansáveis - fizemos o passeio. Pegamos uma carona com Paulo, o dono da pousada, para atravessar o rio. Caminhamos até o Farol de Mandacaru e conseguimos descobrir quem tinha a chave do dito cujo para que pudéssemos entrar e ver toda a região lá do alto.
Paulo nos indicou um garoto nativo que nos guiou de Mandacaru até Atins. Almoçamos numa casa/restaurante perdida no meio das dunas e voltamos a Caburé. Foi nosso primeiro contato com os Lençóis Maranhenses.
Nessa noite, partiríamos de barco para Barreirinhas. A partida não tinha hora marcada. Dependia da maré.
***
Atualizando, em 12/01/2013
O post tinha fotos que, como comentou a Shandy aí embaixo, passavam como slides. Mas elas sumiram! Tudo muda nessa internet... 
Pra ninguém ficar triste, tem um álbum com fotos de toda a viagem. É só clicar aqui.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Água e areia - Parte II

Quem já viu a primeira parte desse relato percebeu que a viagem não foi nada convencional.
Começando pela minha aparência: totalmente loira! Ra, ra, ra! Eu já fui loira um dia...
Continuando a aventura:
Enquanto estávamos em Jericoacoara, hospedadas na Pousada Casa do Turismo, bem em frente ao ponto final da jardineira que trazia os turistas de Fortaleza - via Jijoca, ocupamos parte de nosso tempo em busca de uma maneira de sair dali sem ser pela via convencional: jardineira até Jijoca e ônibus da empresa Redenção até Fortaleza, com direito a parada em Itapipoca. Queríamos algo diferente. Conseguimos!
A Pousada Capitão Thomaz tinha uma jardineira que fazia o transporte de seus hóspedes até Camocim, cidade próxima - 34 km - mas separada de Jeri por muita água e areia. O transporte não tinha data nem hora certas. Tudo dependia da maré, dos hóspedes da tal Pousada - que não era a nossa - e da disponibilidade de assentos. Topamos esperar. Tudo se confirmou para o primeiro dia de fevereiro. E lá fomos nós, de mochila nas costas e carregando uma cadeira/rede que Ana comprou em Jeri.
O caminho incluía, rios a serem atravessados por dentro da água, balsa, a cidade de Tatajuba totalmente soterrada pelas dunas e finalmente, Camocim. Paulo, o motorista da jardineira, nos deixou na rodoviária da cidade. Nosso destino era Parnaíba, cidade no norte do Piauí, onde está o Delta do Parnaíba.
Passagens compradas, mochilas no guarda-volumes, passamos pelo correio e despachamos a tal rede/cadeira diretamente para Assis. Ufa!
E saímos pra conhecer a cidade. Localizada às margens da foz do rio Coreaú, Camocim nos trouxe bons momentos. Andamos por lá, conhecemos seu casario antigo, almoçamos num restaurante na beira-rio e partimos.

Parnaíba nos interessava por diversos motivos. O primeiro deles era estar pisando em solo piauiense! Era também dali que saía um barco de linha para Tutóia, no Maranhão. E além disso, havia o passeio pelo Delta do Parnaíba.
Cidade feia. Nos hospedamos no Hotel Cívico. Feio e ruim, mas com boa localização para os nossos propósitos. Fomos ao Porto das Barcas tratar da viagem para Tutóia. Só haveria barco no dia 5 de fevereiro...
Tínhamos, pois alguns dias naquela cidade. Tratamos de preenchê-los: passeio pelo Delta, praias, lagoa do Portinho.


Uma noite, saímos em busca de um orelhão pra mandar notícias pra casa. (Naquele tempo a internet ainda não era tão difundida...) Caminhando pelo asfalto topamos com uma cobra que fazia o mesmo trajeto que nós. Será que também pretendia telefonar?
E ainda tínhamos alguns dias até a partida do Barco Cidade de Tutóia...
Decidimos então visitar o Parque Nacional de Sete Cidades, 140 km ao sul de Parnaíba.
Em mais uma viagem de ônibus, partimos para Piripiri! O Parque fica a 26 km da cidade. Fomos de taxi e já deixamos contratada a volta para o dia seguinte.
Nos hospedamos no Parque Hotel Sete Cidades, que fica logo na entrada do Parque.
O lugar é simples e tranqüilo. Ali conhecemos Pitty, um pássaro simpático que pousava no ombro ou na mão do garçon e dos hóspedes.
Visitar o Parque foi uma tarefa árdua e inesquecível. Foram aproximadamente 12 km de trilha sob o sol do semi-árido, visitando as "sete cidades", ou seja, sete grupos de rochas com formatos curiosos, além de imensos paredões com inscrições rupestres datada de cerca de 6000 anos.

Cansadas, mas felizes, fizemos a viagem de volta para Parnaíba.
No dia seguinte sairia nosso barco rumo a Tutóia. Mas isso é assunto para o próximo capítulo.
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Pra quem quiser saber mais sobre o Parque Nacional de Sete Cidades, deixo dois links um link que me pareceu interessante:
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Fotos da viagem inteirinha, aqui.
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(Atualizado em 12/01/2013)

domingo, outubro 08, 2006

Água e areia - Parte I

Era o ano da graça de 2002. Pelas asas da velha e boa Varig, saímos de São Paulo no dia do aniversário da cidade - 25 de janeiro - para cumprir um longo roteiro por terras do nordeste brasileiro.
Primeiro destino: Fortaleza. Como ainda não conhecíamos a imperdível Sorveteria 50 sabores - que só nos foi apresentada em 2006 por nossa amiga Adrissa - circulamos pela capital cearense conhecendo praias e mercados.
Intrépidas, nos aventuramos pelo centro antigo da cidade e fomos parar no Teatro José de Alencar. Fomos de ônibus. Aventura arriscada! Para chegar até lá tivemos que cruzar uma feira local que nos arrepiou os cabelos. Mas valeu, o teatro dedicado ao criador de Iracema é belíssimo.
A etapa seguinte - Jericoacoara - apresentou um problema: por um lapso, a reserva do hotel estava feita para a noite seguinte à da chegada.
O contratempo foi contornado da seguinte forma: dormiríamos a primeira noite em Jijoca, a cidadela que antecede as dunas que devem ser vencidas para se chegar a Jeri.
A viagem até Jijoca foi feita de ônibus, com uma inesquecível parada para jantar em Itapipoca.
O improviso saiu melhor que a encomenda. Na Pousada do Paulo, desfrutamos da linda paisagem da lagoa de Jijoca e aproveitamos o dia para navegar por aquelas límpidas águas.

E foi assim que trocamos a jardineira já incluída na passagem de ônibus Fortaleza/Jericoacoara, por um dia à beira da lagoa e por uma viagem pelas dunas em Toyota , rumo ao mais lindo pôr-de-sol do Brasil.
Jericoacoara nos encantou! Cada cantinho da cidade tinha uma surpresa para nossos olhos.
Guiadas por Valter, um dos muitos guias-mirim da cidade, caminhamos até a Pedra Furada. Passeio para uma manhã inteira caminhando por entre pedras, água e areia. À tarde, escalamos a bela duna do Pôr-do-sol para nos juntarmos à multidão que participava do espetáculo diário que o astro-rei proporciona aos seus admiradores.


E foi assim que terminou aquele janeiro.
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Fotos desta e de outras etapas da viagem, aqui.
(Atualizado em 12/01/2013)